“Tristes dias estes que estamos vivendo!”
Estou francamente estarrecido e triste com os acontecimentos no nosso Estado nos últimos dias, além de estar chocado com a reação pública aos fatos:
01. mais uma manifestação de racismo em que a vítima passou a ser a agressora e não o homem negro que, no exercício de sua profissão, sofreu a humilhação;
02. o incêndio criminoso ao CTG de Santana do Livramento -porque ali se dará a união de pessoas que se amam – a vitima parecem ser alguns gaudérios, donos do MTG, com suas bombachas cheias de ódio e ressentimento porque o mundo não é feito apenas para os machos e cavalos;
03. Nos comentários que tenho ouvido sobre os videos que revelam o Bernardo de Tres Passos sendo violentamente ofendido em sua meninice pelo médico escroto, ja começam a dizer que “o menino era impossível”. Triste, muito triste e preocupante.
Me assusto pensar que, dia desses, alguns inspirados em um neonazismo travestido de religião ou movimento, seguirão dando as cartas aos mais indefesos através de grandes meios de comunicação, fazendo com que acreditem que o paraíso custa apenas 10% daquilo que o governo lhes repassa objetivando calar suas vozes.
Alguns gritam em seus galpões rústicos ou em suas monumentais catedrais que viados devem ser mortos, que o Bernardo era um mal educado e que os negros foram merecedores da maldade histórica que vivenciaram. Sim, alguns gritam mas grande parte da sociedade se cala porque na maioria das vezes, não sente. Sim alguns se manifestam mas a classe medíocre e hipócrita sorri, entre dentes, e na segurança da impunidade, pensa: merecido!
Numa época de tantos avanços na comunicação parece que copiar frases de auto ajuda que beiram ao ridículo – atribuídas a autores geniais que jamais escreveriam aquelas bobagens – é uma das poucas utilidades destas redes sociais enquanto cresce a intolerância, o ódio e o preconceito.
Bernardo era apenas um menino de 12 anos que implorava por amor; o jogador de futebol apenas cumpriu com amor sua missão de defender seu time; o CTG apenas será sede de um ato que marca o amor mas como nestes tempos falar ou sentir amor é piegas, ridículo e até patético, alguns de nós continuaremos com as mesmas dores durante séculos…sonhando que algum dia se dê uma sincera e definitiva evolução humana com base no afeto.
Marco Aurélio – 12 de setembro de 2014